Banco de Soluções Comunitárias (2001-2008)

O Banco de Soluções Comunitárias, programa fundador da Comunidades Catalisadoras, foi o primeiro banco de dados online, de acesso aberto, com informações detalhadas sobre soluções comunitárias.

Em 2000, não havia iniciativas operando para compartilhar soluções cívicas online em massa. No entanto, comunidades em todo o planeta estavam, como sempre estiveram, desenvolvendo soluções locais para os desafios do cotidiano. Em nenhum lugar isso era mais evidente do que no Rio de Janeiro, onde os moradores das favelas durante décadas, e em alguns casos há um século, desenvolveram comunidades inteiras superando desafios com pouco ou nenhum apoio externo. Eles foram desenvolvendo sua própria infraestrutura urbana contemplando saneamento, moradia, planejamento para o bairro, programas de prevenção de HIV, aplicação de flúor, creches, centros de cuidados de idosos, refeitórios populares, programas de plantio de árvores, programas extracurriculares de esportes e artes e uma infindável lista de outras inovações locais. “A necessidade”, como eles dizem, “é a mãe da invenção”. E em 2000 o Brasil era o número 1 na lista da Escola de Economia de Londres de países que apresentavam o “empreendedorismo por necessidade”, que se estendia para além do setor com fins lucrativos até o mundo cívico. No Brasil, 99% dos negócios são microempresas e a economia da favela gera cerca de 20 bilhões de dólares por ano. Ao mesmo tempo, a Internet estava começando a decolar, com os planos dos setores privados e municipais de levarem a Internet para as comunidades por toda a cidade (na época, apenas 70 das mais de 600 favelas do Rio de Janeiro tinham acesso à Internet).

2006 Community Solutions Database

Reconhecendo a oportunidade de compartilhar soluções entre as comunidades do Rio e de todo o mundo, a ComCat lançou seu projeto de fundação: desenvolver o primeiro banco de dados de acesso aberto na Web sobre soluções detalhadas criadas nas comunidades. Com o Banco de Soluções Comunitárias (BSC), partimos para “desenvolver, inspirar e capacitar uma rede global de comunidades gerando e compartilhando soluções”. Embora nosso foco fosse o Rio de Janeiro, reconhecemos que não havia razão para limitar um banco de dados, online, a uma única cidade e que a aprendizagem seria maior havendo mais diversidade. Começamos então a desenvolver a nossa rede de tradutores voluntários, e assim, o banco de dados foi disponibilizado em português, inglês e espanhol. Depois de um site piloto de dois anos, o BSC oficial foi lançado no final de 2002.

Pouco tempo após o lançamento do banco de soluções percebemos o impacto que a criação de uma presença online tinha no desenvolvimento das organizações comunitárias. Na época, a única maneira de criar uma presença online era investindo recursos em um site, algo quase impossível para a maioria das iniciativas de base comunitária. Nosso banco de soluções serviu a este importante propósito, ajudando centenas de iniciativas das comunidades a criarem uma presença na Internet, ajudando-as a fazer várias coisas, desde a aquisição de financiamento à abertura de uma conta bancária. Jornalistas e voluntários também usavam a ferramenta para encontrar iniciativas comunitárias para apoiar ou noticiar. O BSC ajudou a tornar os esforços das comunidades, historicamente isolados, visíveis e acessíveis a um público global. Ele estabeleceu as bases do que viria a se tornar a ComCat—uma organização local lançando um holofote global sobre os esforços das comunidades para assegurar o seu amplo reconhecimento e replicação.

Entre 2003 e 2008, a ComCat ajudou a documentar cuidadosamente e traduzir mais de 200 soluções comunitárias de favelas do Rio de Janeiro no Banco de Soluções Comunitárias. Projetos de mais de 20 outros países também foram documentados através da Internet. Em 2006, a ComCat foi vencedora do Tech Award do Tech Museum of Innovation no Vale do Silício na categoria “Benefícios da tecnologia para a humanidade.” O banco de dados foi tema de um programa de rádio do respeitado economista André Urani.

Assista ao vídeo do Tech Awards, com uma versão anterior do banco de dados:

Em 2008, quando as condições que definiram o cenário para a criação do Banco de Soluções Comunitárias haviam mudado, a organização reavaliou a necessidade dessa ferramenta frente às rápidas transformações que começaram a acontecer no Rio de Janeiro, sendo elas: a expansão de ferramentas de publicação online gratuitas (mídias sociais) às quais as comunidades agora tinham acesso e a criação de outros bancos de dados online de acesso livre. Estas transformações nos levaram a concluir que era hora de findar o BSC. Fizemos uma parceria com o WiserEarth, cujo banco de dados consideramos o mais compatível com o nosso, e transferimos todo o conteúdo do BSC original para essa plataforma. Também traduzimos o WiserEarth para o português e gerenciamos sua plataforma em português por mais de um ano.