Nosso Trabalho em 2017

Desde 2009, quando soubemos que o Rio de Janeiro sediaria os Jogos Olímpicos de 2016, nós da Comunidades Catalisadoras percebemos que precisaríamos focar nossas atenções em apoiar as favelas frente às mudanças desafiadoras que elas vivenciariam nos anos subsequentes.

A começar pelo RioOnWatch, nosso premiado site bilíngue de notícias de favelas focado em documentar perspectivas comunitárias sobre as transformações ocorrendo no Rio a partir de 2010, nós testemunhamos a demanda por notícias das favelas a nível local e global. Enxergamos a visibilidade das Olimpíadas como uma oportunidade de mudar a narrativa nociva e incorreta que vem mantendo as favelas à margem há um século. O foco do site nesses anos pré-Olímpicos foi documentar violações de direitos humanos e mobilizações comunitárias heróicas nas favelas do Rio. Nós também nos propomos a criar, e exitosamente providenciamos, uma série de ferramentas para acelerar melhorias nas coberturas para além do RioOnWatch.

Em 2017, nós continuamos a todo vapor e lançamos a nova linha editorial do RioOnWatch, focada em concretizar o potencial das favelas como comunidades sustentáveis, e publicamos 400 artigos em português e inglês, graças a dezenas de repórteres solidários e jornalistas comunitários. Cada vez mais publicamos artigos promovendo o planejamento urbano comunitário e sustentável existente nas favelas cariocas. Ao mesmo tempo, o RioOnWatch segue ligado a suas raízes e continua publicando séries históricas e analíticas e matérias de monitoramento, acompanhando o legado Olímpicodireitos humanos, remoções e resistência. Alcançamos 200,000 pessoas diretamente todos os meses com nossas redes sociais e publicações.

Além disso, com o apoio da Fundação Heinrich Böll do Brasil, com a coordenação da nossa diretora institucional Roseli Franco e uma incrível equipe voluntária, a ComCat lançou a Rede Favela Sustentável. Identificamos e mapeamos mais de 100 iniciativas de sustentabilidade e resiliência em favelas de todo o Rio. As iniciativas foram analisadas em um impressionante relatório. Em julho, nós palestramos sobre o potencial das favelas como modelo sustentável no Ecocity World Summit em Melbourne.

E recentemente lançamos um relatório mais aprofundado, capitaneado pela nossa coordenadora de monitoramento de mídia Cerianne Roberston, chamado ‘Favelas na Mídia: Uma Comparação de Oito Meios de Comunicação Globais’ (disponível em inglês), baseado em uma análise mais meticulosa dos dados que sustentaram nosso relatório de 2016. O relatório traz uma análise comparativa da performance de oito veículos em relação à cobertura de notícias de favelas entre 2008 e 2016, sendo eles: The New York TimesThe Wall Street JournalUSA TodayThe GuardianThe Daily MailThe TelegraphAssociated Press Al Jazeera.

Também em relação ao legado Olímpico, nossa diretora executiva Theresa Williamson publicou o capítulo ‘Nem Todos Têm Um Preço: Como a Luta da Pequena Favela Vila Autódromo Abriu o Caminho Para a Resistência Olímpica‘ no livro Rio 2016: Olympic Myths and Hard Realities (Rio 2016: Mitos Olímpicos, Duras Realidades, em tradução livre) de Andrew Zimbalist. Ela foi entrevistada pela NPR (Rádio Pública Nacional, dos EUA) e pelo Brookings Podcast sobre o capítulo e a história incrível e inspiradora da Vila Autódromo.

Theresa Williamson também publicou sua primeira incursão aprofundada na temática do valor da informalidade como um capítulo da publicação Perspecta 50: Urban Divides da Escola de Arquitetura da Universidade de Yale, impressa pela MIT Press.

Alguns outros projetos de 2017 foram:

  • Participação no e monitoramento do processo de criação do Plano Estratégico Municipal do Rio de Janeiro, graças a Luisa Fenizola, nossa coordenadora de políticas públicas
  • Coordenação de um intercâmbio de uma semana entre lideranças comunitárias e o Pratt Institute
  • Desenvolvimento de uma inovadora parceira universidade-favela com o Worcester State University
  • Defesa do potencial de fundos de posse coletiva em favelas, a partir de parcerias, artigos, palestras e financiamento adquirido para pesquisas e oficinas futuras
  • Nossas tradicionais Visitas Comunitárias Educativas
  • Palestras públicas, incluindo uma nova, chamada “Aberração ou ‘Favela Chique?’ Problematizando a estética de favela” na conferência da American Society for Aesthetics

Nosso trabalho esse ano foi reconhecido de diversas formas, uma delas sendo uma postagem sobre nós na página de Facebook Humans of New York, em março.

Além disso, nossa metodologia singular e seu impacto concreto também foram avaliados entre janeiro e maio em parceria com a Kayla Boisvert da D3 for Change. O relatório de avaliação, Adapting for Success: An evaluation of the effectiveness of learning and adapting in the favelas of Rio de Janeiro (Adaptando para o Successo: Uma avaliação da eficácia de aprendizagem e adaptação nas favelas do Rio de Janeiro), estabeleceu uma lista de 27 resultados transformadores em 6 comunidades que dependeram de esforços da ComCat, do nosso diálogo constante com moradores de favela, da nossa receptividade à demanda deles, do nosso monitoramento de notícias sobre as Olimpíadas e políticas locais e do nosso constante ajuste de estratégia com base em tudo isso.

E no mês passado, lançamos a campanha de financiamento Community Catalysts, criada para garantir que a ComCat continue a florescer e gerar mudanças transformadoras com e para assentamentos informais no Rio e no mundo. Até o momento, realizamos muito com poucos recursos financeiros graças a uma incrível rede de colaboradores que doam serviços: com apenas 100,00 dólares de orçamento anual, realizamos ações equivalentes a mais de um milhão de dólares de investimento. Mas agora que a organização faz a transição para sua próxima fase institucional, nós precisaremos de mais recursos financeiros. Saiba mais sobre a campanha lendo as informações disponíveis aqui, em inglês.

Agradecemos a todos que colaboraram para as conquistas de 2017.